A Coordenadora de Organizações Indígenas da Cuenca Amazônica (COICA) exigiu nesta quarta-feira que seus direitos sobre terras ancestrais sejam reconhecidos, durante a reunião sobre mudança climática realizada na sede das Nações Unidas em Bangcoc.
"As reuniões nem sequer mencionaram o direito lícito dos povos indígenas às terras ancestrais, o que, além disso, é essencial para a proteção das selvas da Amazônia, imprescindíveis para evitar a mudança climática", disse à Agência Efe o coordenador da COICA, Juan Carlos Jintiach.
As conversas em Bangcoc, onde se debate um novo acordo para substituir o Protocolo de Kioto em 2012, incluem a luta contra o desmatamento como uma das linhas principais para reduzir as emissões de gases agravantes do efeito estufa.
O projeto, com o objetivo de reduzir as emissões do desmatamento e a degradação, afeta diretamente cerca de 370 milhões de indígenas no mundo todo.
"Só pedimos que respeitem a Declaração da ONU sobre os direitos dos povos indígenas aprovada em 2007, que reconhece o direito jurídico sobre as terras e recursos que tradicionalmente possuímos", afirmou Jintiach, original do povo shuar, na floresta amazônica equatoriana.
O coordenador da COICA denunciou que os diferentes Governos da bacia do Amazonas não informaram nem consultaram os povos nativos sobre a implementação do plano de redução das emissões, um direito também garantido na declaração da ONU.
"As organizações indígenas se mobilizaram para extrair os detalhes do plano e promover uma campanha de informação entre as comunidades", afirmou Jintiach.
O coordenador se mostrou propício a que a ONU chegue a um acordo para proteger as florestas, "mas cada comunidade decidirá de forma autônoma se apoia o projeto ou não", disse.
Em sua opinião, os povos indígenas que dependem do ecossistema são os que mais sofrem com as secas e as tempestades causadas pelo aquecimento global, assim como com a intrusão em seus territórios de multinacionais madeireiras, mineiras ou petrolíferas.
"A bacia do Amazonas está repleta de violações das comunidades indígenas, como os vestígios tóxicos no Suriname ou a exploração mineira na Guiana", acrescentou.
Se a poda da floresta, o dano causado pela mineração e a exploração petrolífera avançarem ao ritmo atual, os cientistas estimam que em até 40 anos a floresta amazônica poderia se transformar em uma savana e terminar em um deserto.
A COICA representa mais de 100 organizações de Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Guiana, a Guiana Francesa, Peru, Suriname e Venezuela que atuam na região da bacia amazônica, onde vivem mais de 400 povos indígenas, com uma população de 3 milhões de pessoas. (EFE)
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