segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Jornal inglês diz que Dilma Rousseff é uma líder extraordinária

O jornal ingllês The Independent destacou neste domingo (26) que o Brasil se prepara para eleger no próximo final de semana a "mulher mais poderosa do mundo" e "uma líder extraordinária".

O jornal também afirma que candidata tem sofrido ataques em uma "campanha impiedosa de degradação patrocinada pela mídia brasileira".

Leia abaixo o texto traduzido para o português:

A mulher mais poderosa do mundo começará a andar com as próprias pernas no próximo fim de semana. Forte e vigorosa aos 63 anos, essa ex-líder da resistência a uma ditadura militar (que a torturou) se prepara para conquistar o seu lugar como Presidente do Brasil.

Como chefe de estado, a Presidente Dilma Rousseff seria mais poderosa que a Chanceler da Alemanha, Angela Merkel e que a Secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton: seu país enorme de 200 milhões de pessoas está comemorando seu novo tesouro petrolífero. A taxa de crescimento do Brasil, rivalizando com a China, é algo que a Europa e Washington podem apenas invejar.

Sua ampla vitória prevista para a próxima eleição presidencial será comemorada com encantamento por milhões. Marca a demolição final do “estado de segurança nacional”, um arranjo que os governos conservadores, nos EUA e na Europa já tomaram como seu melhor artifício para limitar a democracia e a reforma. Ele sustenta um status quo corrompido que mantém a imensa maioria na pobreza na América Latina, enquanto favorece seus amigos ricos.

A senhora Rousseff, filha de um imigrante búlgaro no Brasil e de sua esposa, professora primária, foi beneficiada por ser, de fato, a primeira ministra do imensamente popular Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ex-líder sindical. Mas com uma história de determinação e sucesso (que inclui ter se curado de um câncer linfático), essa companheira, mãe e avó será mulher por si mesma. As pesquisas mostram que ela construiu uma posição inexpugnável – de mais de 50%, comparado com menos de 30% - sobre o seu rival mais próximo, homem enfadonho de centro, chamado José Serra. Há pouca dúvida de que ela estará instalada no Palácio Presidencial Alvorada de Brasília, em janeiro.

Assim como o Presidente Jose Mujica do Uruguai, vizinho do Brasil, a senhora Rousseff não se constrange com um passado numa guerrilha urbana, que incluiu o combate a generais e um tempo na cadeia como prisioneira política.

Quando menina, na provinciana cidade de Belo Horizonte, ela diz que sonhava respectivamente em se tornar bailarina, bombeira e uma artista de trapézio. As freiras de sua escola levavam suas turmas para as áreas pobres para mostrá-las a grande desigualdade entre a minoria de classe média e a vasta maioria de pobres. Ela lembra que quando um menino pobre de olhos tristes chegou à porta da casa de sua família ela rasgou uma nota de dinheiro pela metade e dividiu com ele, sem saber que metade de uma nota não tinha valor.

Seu pai, Pedro, morreu quando ela tinha 14 anos, mas a essas alturas ele já tinha apresentado a Dilma os romances de Zola e Dostoiévski. Depois disso, ela e seus irmãos tiveram de batalhar duro com sua mãe para alcançar seus objetivos. Aos 16 anos ela estava na POLOP (Política Operária), um grupo organizado por fora do tradicional Partido Comunista Brasileiro que buscava trazer o socialismo para quem pouco sabia a seu respeito.

Os generais tomaram o poder em 1964 e instauraram um reino de terror para defender o que chamavam “segurança nacional”. Ela se juntou aos grupos radicais secretos que não viam nada de errado em pegar em armas para combater um regime militar ilegítimo. Além de agradarem aos ricos e esmagar sindicatos e classes baixas, os generais censuraram a imprensa, proibindo editores de deixarem espaços vazios nos jornais para mostrar onde as notícias tinham sido suprimidas.

A senhora Rousseff terminou na clandestina VAR-Palmares (Vanguarda Armada Revolucionária Palmares). Nos anos 60 e 70, os membros dessas organizações sequestravam diplomatas estrangeiros para resgatar prisioneiros: um embaixador dos EUA foi trocado por uma dúzia de prisioneiros políticos; um embaixador alemão foi trocado por 40 militantes; um representante suíço, trocado por 70. Eles também balearam torturadores especialistas estrangeiros enviados para treinar os esquadrões da morte dos generais. Embora diga que nunca usou armas, ela chegou a ser capturada e torturada pela polícia secreta na equivalente brasileira de Abu Ghraib, o presídio Tiradentes, em São Paulo. Ela recebeu uma sentença de 25 meses por “subversão” e foi libertada depois de três anos. Hoje ela confessa abertamente ter “querido mudar o mundo”.

Em 1973 ela se mudou para o próspero estado do sul, o Rio Grande do Sul, onde seu segundo marido, um advogado, estava terminando de cumprir sua pena como prisioneiro político (seu primeiro casamento com um jovem militante de esquerda, Claudio Galeno, não sobreviveu às tensões de duas pessoas na correria, em cidades diferentes). Ela voltou à universidade, começou a trabalhar para o governo do estado em 1975, e teve uma filha, Paula.

Em 1986 ela foi nomeada secretária de finanças da cidade de Porto Alegre, a capital do estado, onde seus talentos políticos começaram a florescer. Os anos 1990 foram anos de bons ventos para ela. Em 1993 ela foi nomeada secretária de minas e energia do estado, e impulsionou amplamente o aumento da produção de energia, assegurando que o estado enfrentasse o racionamento de energia de que o resto do país padeceu.

Ela fez mil quilômetros de novas linhas de energia elétrica, novas barragens e estações de energia térmica construídas, enquanto persuadia os cidadãos a desligarem as luzes sempre que pudessem. Sua estrela política começou a brilhar muito. Mas em 1994, depois de 24 anos juntos, ela se separou do Senhor Araújo, aparentemente de maneira amigável. Ao mesmo tempo ela se voltou à vida acadêmica e política, mas sua tentativa de concluir o doutorado em ciências sociais fracassou em 1998.

Em 2000 ela adquiriu seu espaço com Lula e seu Partido dos Trabalhadores, que se volta sucessivamente para a combinação de crescimento econômico com o ataque à pobreza. Os dois se deram bem imediatamente e ela se tornou sua primeira ministra de energia em 2003. Dois anos depois ele a tornou chefe da casa civil e desde então passou a apostar nela para a sua sucessão. Ela estava ao lado de Lula quando o Brasil encontrou uma vasta camada de petróleo, ajudando o líder que muitos da mídia européia e estadunidense denunciaram uma década atrás como um militante da extrema esquerda a retirar 24 milhões de brasileiros da pobreza. Lula estava com ela em abril do ano passado quando foi diagnosticada com um câncer linfático, uma condição declarada sob controle há um ano. Denúncias recentes de irregularidades financeiras entre membros de sua equipe quando estava no governo não parecem ter abalado a popularidade da candidata.

A Senhora Rousseff provavelmente convidará o Presidente Mujica do Uruguai para sua posse no Ano Novo. O Presidente Evo Morales, da Bolívia, o Presidente Hugo Chávez, da Venezuela e o Presidente Lugo, do Paraguai – outros líderes bem sucedidos da América do Sul que, como ela, têm sofrido ataques de campanhas impiedosas de degradação na mídia ocidental – certamente também estarão lá. Será uma celebração da decência política – e do feminismo.


Portal PT

MMA prepara municípios da Amazônia para combate ao desmatamento

A Operação Arco Verde, lançada em 2009 nos 43 municípios da Amazônia Legal com os maiores índices de desmatamento, vai capacitar e dar apoio técnico aos gestores ambientais municipais e representantes da sociedade civil locais. A ideia é fortalecer institucionalmente os municípios para a gestão ambiental, expandir práticas sustentáveis que vêm dando certo e contribuir para a mudança do perfil das economias, estimulando a exploração econômica da floresta em pé e as práticas ambientalmente sustentáveis.

Terminou na última sexta-feira (24/9) o seminário que capacitou 40 consultores, selecionados por edital em todo o País, para atuarem na capacitação de cerca de 150 gestores de políticas ambientais locais. Durante uma semana, gestores de políticas públicas, fundos de fomento e bancos que financiam as práticas sustentáveis mostraram todos os projetos e programas do governo voltados para a sustentabilidade na Amazônia. Diagnóstico gerado pelo Mutirão Arco Verde, que percorreu todos os municípios levando cidadania e sustentabilidade, revelou a necessidade de preparar os municípios para atuar no combate ao desmatamento.

Os cursos são presenciais, vão acontecer em sete pólos- três no estado do Pará(Altamira, Marabá e Santana do Araguaia), três em Mato Grosso (Alta Floresta, Confresa e Juina) e um na capital Porto Velho, em Rondônia, congregando 43 municípios- e foram estruturados segundo as características regionais. O trabalho começa em 5 de outubro e atende simultaneamente a todas as localidades. O curso será dividido em cinco módulos de 40 horas cada, somando 200 horas-aula, e inclui teoria e prática. Em dez semanas, todos os municípios serão atendidos.

Segundo Ana Beatriz Oliveira, diretora do Fundo Nacional de Meio Ambiente, serão qualificados preferencialmente servidores permanentes, para que possam atuar e envolver suas comunidades no combate ao desmatamento. O programa de capacitação tem duração até o final do ano, e durante dez semanas serão apresentadas alternativas de recuperação das áreas degradadas e de financiamento para projetos ambientais e produção sustentável.

A diretora explica que os gestores terão acesso às fontes de financiamento necessárias e a instrumentos de política ambiental como o Zoneamento Econômico Ecológico, Agenda 21, gestão sustentável rural e urbana. Após os cursos de capacitação, o MMA continuará dando apoio técnico pelo período de um ano e vai ajudar os gestores a formular suas estratégias e a buscar os recursos para projetos de práticas sustentáveis.

O município que não tiver estrutura voltada para a preservação ambiental será orientado e receberá apoio técnico para criar uma. A proposta é dotar todos os 43 municípios de setores específicos para o meio ambiente. De acordo com o diretor de Desenvolvimento Rural Sustentável do MMA, Paulo Guilherme Cabral, "existem experiências que já vêm dando certo e precisam ser difundidas." Para isso, os municípios precisam de estruturas e do acesso às informações necessárias para a implantação de projetos de desenvolvimento sustentável.

O desafio, segundo Cabral, é mudar o modelo produtivo. Em vez de ações pontuais ou emergenciais, o que se espera é que os municípios adotem práticas permanentes de sustentabilidade. Ele lembrou que já existem tecnologias sendo aplicadas em alguns pontos da Amazônia, como os sistemas agroflorestais e agropastoris e o extrativismo com sustentabilidade.

MMA