terça-feira, 29 de junho de 2010

Projeto Reca obtém certificação orgânica internacional

Preservar ecossistema também gera lucro, conforme mostram produtores que fornecem espécies alimentícias da Amazônia e matéria-prima para cosméticos

Territorialmente mais próximo de Rio Branco, capital do Acre (a 150 km), que de Porto Velho (a 364 km), capital de Rondônia, o distrito rondoniense de Nova Califórnia é laboratório de um importante ecossistema. Lá está a sede do Reca (Reflorestamento Econômico Consorciado Adensado) – referência de transformação da qualidade de vida e na geração matéria-prima para uma das mais importantes marcas de cosméticos do país

Por conta desses e de outros fatores, o empreendimento social recebeu, em maio, da internacional IBD (Instituto Biodinâmico) a certificação como organização não governamental que desenvolve atividade socioeconômica pela exploração racional de sistemas agroflorestais – sem uso de agrotóxicos, desmate ou queimas de áreas, por exemplo.

O Reca, referência internacional e alvo de visitas de estudantes e pesquisadores de países como Peru, Bolívia e Estados Unidos, que chegam, para conhecer suas instalações e comunidades, vem fortalecendo seu espaço na economia local graças ao trabalho de extrativismo praticado desde 1987 e ao plantio e exploração de cupuaçu, pupunha, açaí, castanha-do-brasil e rambutã. Além disso, extrai essências das oleaginosas como copaíba e andiroba.

Consciência

A produção do Reca beneficia diretamente 360 famílias (e 700 indiretamente) primando pela consciência da importância da produção orgânica, tanto em função da exigência do mercado como dos benefícios que esse tipo de atividade provoca na saúde das pessoas.

A certificação obtida junto ao IBD é para a produção de polpa e manteiga de cupuaçu, açaí e sua polpa, palmito de pupunha, andiroba e a fruta rambotã, que são vendidos para distribuidores de alimentos e para indústrias de cosméticos como a Natura, que há sete anos utiliza as essências em seus cremes hidratantes.

“Em contrapartida, a empresa tem responsabilidade social junto ao Reca, praticando preço justo, além de investir R$ 120 mil em educação e melhoria na qualidade de vida e educação através da escola familiar agrícola, que atende 80 crianças, através da pedagogia de alternância”, explica Gislaine Gera de Almeida, técnica de agropecuária e também de certificação do projeto. No momento, foram certificadas 24 propriedades, “mas estamos trabalhando no estímulo a outras famílias, e elas, por verem as vantagens, também buscam se adaptar à nova realidade”, explica Semildo Kaefer, há 21 anos no projeto.

Importância

O forte da economia local ainda é a pecuária, com 80% de gado de corte e o restante de matrizes leiteiras. Mas Nova Califórnia conta agora com um consórcio produtivo capaz de vender parte de sua produção e derivados a mercados como Europa e Estados Unidos, além do Brasil, por conta da certificação. “O mercado é exigente quanto à origem do que compra – ecologicamente correto e socialmente responsável”, afirma Hamilton Condack de Oliveira, gerente de comercialização do Projeto Reca. Para ele, a delimitação de mercado vai depender da evolução de processos exigidos pela certificação.

No sítio Santa Clara, Everaldo Berger e a esposa Léa disseram, enquanto cortavam talos de pupunheiras para extrair palmito, que a certificação traz resultados práticos para quem pretende atender ao mercado externo, através da exportação, pois os clientes exigem produtos certificados, como o palmito orgânico de pupunha”.

Sebrae

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