sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Estudo analise influência da pecuária com relação às mudanças climáticas

E se os principais causadores das mudanças climáticas forem bois, porcos e galinhas? É com esse questionamento que Robert Goodland e Anhang Jeff intitulam o seu estudo "Livestock and Climate Change: What if the key actors in climate change are...cows, pigs, and chickens?".

Publicado na revista World Watch Magazine, o documento aborda o impacto ambiental da cadeia de produção animal destinada à alimentação, que tem relação com as mudanças climáticas. Segundo o relatório, as consequências negativas da pecuária têm sido subestimadas e são causa de, pelo menos, metade das emissões de gases do efeito estufa.

Embora o relatório da Organização das Nações Unidas (ONU) para a Alimentação e Agricultura, de 2006, apontasse que 18% das emissões anuais de gases são oriundos de gado bovino, búfalos, ovinos, caprinos, camelos, suínos e aves, o recente estudo de Goodland e Jeff afirma que o gado e seus subprodutos ocasionam a emissão de pelo menos 32,6 bilhões de toneladas de dióxido de carbono por ano, o que representa 51% das emissões anuais de gases do efeito estufa na atmosfera.

O estudo também chama a atenção para a devastação produzida pela pecuária. "Como agora há uma escassez global de pastagem, praticamente a única forma de se produzir carne é destruindo as florestas. A dieta de produtos animais é maior nos países em desenvolvimento, onde a floresta normalmente armazena pelo menos 200 toneladas de carbono por hectare. Quando há a substituição dessas áreas por pastagens degradadas, a tonelada de carbono armazenada é reduzida para 8 [toneladas]", explica o documento.

Amazônia Atualmente, a pecuária tem uma forte relação com o desmatamento da floresta amazônica. Em 1990, quando o rebanho bovino no Brasil era de cerca de 20 milhões cabeças de gado, o índice de devastação cumulativa da Amazônia foi de 400 mil km². Já em 2006, quando houve um aumento para mais de 70 milhões de bois no país, o desmatamento aumentou para 700 mil Km². Essa devastação é a principal causadora das emissões de gases do efeito estufa no País.

Apesar disso, de acordo com o estudo A Hora da Conta, realizado pela organização Amigos da Terra - Amazônia Brasileira e lançado em abril deste ano, a pecuária bovina vem crescendo na região. "Contrariamente à tendência nacional, que registra uma redução absoluta de 3,83% na área de pastagem em relação a 1985, na Amazônia Legal, as pastagens estão em expansão. De 1985 para 2006, o aumento foi de 44,18%, o que evidencia quanto os investimentos em pecuária migraram para a região", diz a pesquisa.

Quase 15% da área da Amazônia Legal - 74,87 milhões de hectares - já foram incorporados à atividade agropecuária. Desses, 82,28% (61,60 milhões de hectares) são pastagens. (Amazônia Org)

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