sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Ações do documento Mensalão do DEM: manobra enterra CPI

Manobra de aliados de Arruda põe fim à CPI

Um dia após a Justiça proibir que deputados distritais envolvidos no escândalo do mensalão participem do processo de impeachment do governador José Roberto Arruda (exDEM), uma manobra dos aliados de Arruda conseguiu ontem simplesmente encerrar as investigações que a CPI fazia do esquema de corrupção no DF.

Conseguiu também atrasar o início da análise dos pedidos de impeachment do governador.

O principal ganho foi impedir o temido depoimento de Durval Barbosa, ex-secretário de Relações Institucionais do DF e autor das denúncias, que estava marcado para terça-feira. O presidente da CPI, Alírio Neto (PPS), encerrou os trabalhos alegando como motivo justamente a decisão judicial que determinou o afastamento de oito distritais e dois suplentes do processo.

Alírio, que era secretário de Arruda quando o escândalo estourou, alegou que a decisão do juiz tornou nulos os atos anteriores que tiveram a participação dos oito deputados suspeitos.

Ele citou o requerimento de criação da CPI, assinado por 22 dos 24 distritais, e a convocação extraordinária da Casa, em janeiro.

Segundo Alírio, continuar o trabalho seria descumprir a decisão judicial — embora o objetivo do juiz fosse dar transparência às investigações. Outros quatro governistas reforçaram a tese de Alírio da CPI.

Em outra frente, o deputado distrital Leonardo Prudente (DEM) recorreu ao Supremo Tribunal Federal para voltar à presidência da Câmara Legislativa.

Prudente foi afastado por decisão judicial e perdeu o primeiro recurso no TJ.

Isolados, os petistas tentaram desmontar a estratégia dos aliados de Arruda, argumentando que a decisão do juiz Vinicius Silva restringia-se ao processo de impeachment, que tramita na Comissão de Constituição e Justiça.

Apelaram para que, pelo menos, o depoimento de Durval fosse mantido. Sem sucesso.

- A decisão (judicial) não alcança a CPI. A base aliada mostrou que não deseja o depoimento de Durval nem tem vontade de apurar. Nós, do PT, vamos recorrer ao plenário e vamos ao Ministério Público — afirmou Chico Leite (PT).

Irredutível, Alírio leu a decisão do juiz e enfatizou que nada podia ser feito. Ao encerrar os trabalhos, sugeriu que a Mesa Diretora recorra da decisão do juiz. Indagado se não temia ser acusado de manobrar em favor de Arruda, Alírio afirmou: — A manobra foi do juiz.

Os aliados de Arruda admitem que tinha sido uma estratégia errada concordar com o depoimento de Durval.

- A Justiça deu a arma para desmontar o depoimento. E agora, com a CPI desfeita, será difícil montar outra — disse um aliado de Arruda.

Na CCJ, o presidente Geraldo Naves (DEM) também fez tudo voltar à estaca zero. Ele disse que a decisão do juiz invalida os prazos que já vinham correndo na comissão que analisa os pedidos de impeachment. Arruda foi forçado a sair do DEM, mas continua com apoio do partido em Brasília. Diante da manobra, o presidente em exercício da Câmara, Cabo Patrício (PT), disse que não permitirá o fim da CPI: — A CPI não está sepultada, o regimento da Casa não pode ser ignorado. Se eles retirarem os nomes, posso indicar outros.

Ontem, estudantes do movimento Fora Arruda espalharam dez sacos de estrume de cavalo na rampa de acesso à Câmara.

— Simbolicamente, a merda significa esta sujeira toda dessa Câmara. Sabemos que a CPI não vai dar em nada, vai dar em pizza — justificou Diogo Ramalho, estudante de Letras da UnB.

Uma nota divulgada pela executiva do DEM-DF reafirmando o apoio a Arruda provocou reação do DEM nacional. O líder do DEM na Câmara, Ronaldo Caiado (GO), avisou, pelo twitter, que pedirá a dissolução do diretório do DEM-DF. O deputado distrital Geraldo Naves justificou: — Eu sugeri a nota. Ela diz que apoiamos o plano de governo que nós defendemos.

O vice-governador Paulo Octávio reafirmou que não será candidato ao governo do DF, mas que não deixará a vida pública.

Ele se manteve como presidente da legenda no DF. (O Globo)

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