As emissões de carbono por desmatamento na Amazônia subiram quase duas vezes mais do que a derrubada em si entre agosto de 2009 e janeiro deste ano. O dado sugere que já está acontecendo na região algo que os cientistas até agora só temiam: o desmate está migrando para florestas mais densas, mais ricas em carbono -e cuja destruição polui mais.
A estimativa foi publicada hoje pelo Imazon (Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia). Segundo a ONG, o corte da floresta cresceu 22% no período, enquanto as emissões cresceram 41%.
Um grupo de pesquisadores do Imazon elaborou um mapa com estimativas de biomassa para toda a região amazônica. Isso permite relatar, mês a mês, a partir de agora, as emissões pela derrubada.
A informação é crucial para o Brasil, que tem no desmate amazônico sua maior fonte de carbono para a atmosfera e que se comprometeu em lei a reduzi-lo em 80% até 2020.
"A novidade é colocarmos isso numa escala mensal", diz Carlos Souza Jr., do Imazon, ONG que elaborou um programa de computador que permite estimar de forma mais realista quanto carbono o desmatamento emite.
O cálculo leva em conta, por exemplo, as diferenças no teor de carbono por hectare em cada região da Amazônia; o fato de que nem toda a biomassa vira cinza - 8% do carbono fica retido em forma de madeira; e o fato de que nem tudo queima de uma vez.
No período de agosto de 2008 a julho de 2009, segundo o Imazon, as emissões caíram 60%, acompanhando a queda na derrubada (de 65% em relação ao ano anterior). Nos últimos seis meses essa relação se alterou, com a migração do desmate para áreas como a Terra do Meio e o noroeste de MT.
"Podem estar desmatando áreas com 200 toneladas de carbono por hectare", diz Souza Jr. É o dobro da média amazônica.
Com o novo indicador, avalia, será possível avaliar a eficiência de projetos de Redd (redução de emissões por desmatamento). "Quando soubemos qual é o risco de desmate e a biomassa, poderemos priorizar áreas de maior risco e de maior biomassa." (Folha de São Paulo)
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