quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Produtores, sociedade e governo discutem mecanismos para uma pecuária sustentável

Especialistas, produtores, governo e sociedade civil apresentam soluções para conter o aumento das emissões de gases do efeito estufa causadas pela pecuária, durante o Workshop Internacional sobre Soluções para o Desmatamento e Emissões de Gases de Efeito Estufa Causadas pela Expansão da Pecuária, que acontece em São Paulo (SP).

O evento foi precedido por uma visita de um grupo de especialistas a fazendas do Acre que são exemplos de pecuária lucrativa e sustentável na Amazônia. "Esses empreendimentos destoam da realidade da maioria das propriedades rurais da Amazônia. Eles tiveram, em 2008, um lucro de 40% a 47%", explica Roberto Smeraldi, diretor da organização Amigos da Terra - Amazônia Brasileira.

De acordo com Smeraldi, "trazer esses e outros elementos são importantes para começar a discussão com os temas de financiamento e políticas de compras, levando-se em conta que essas políticas não se limitam apenas aos aspectos ambientais".

Para o chefe geral da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) do Acre Judson Valentim, o discurso de que a questão financeira impediria a mudança do paradigma para uma pecuária menos devastadora não é real. "Na realidade, quando se aumenta a produtividade, o custo pela tecnologia - em proporção ao número de gado criado - é menor".

O pesquisador do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), Paulo Barreto, alertou para a necessidade de se transformar a pecuária em uma atividade sustentável para conter o aumento do aquecimento global. "É preciso mexer no setor - que contribui pouco para a economia brasileira [2% do PIB] e é o maior responsável pelas emissões de gases do efeito estufa".

Os desafios para o setor frente às questões socioambientais são muitos. Segundo Daniel Azevedo Avelino, procurador do Ministério Público Federal do Pará (MPF/PA), a crise política brasileira e a falta de informações são dois fatores importantes que dificultam a mudança na pecuária. "No Pará, não se sabe o nome ou a localização de onde o gado é produzido. Os pecuaristas não informam e, por isso, a rastreabilidade se torna ainda mais difícil de ser efetivada", explica.

Evento

O workshop pretende abordar os desafios econômicos para a implantação de mecanismos que assegurem que a atividade pecuária não seja realizada em áreas de desmatamento ilegal. Participam do evento ONGs, produtores, grandes redes varejistas, além de governo e Ministério Público Federal.

Os organizadores do evento acreditam que é possível promover a recuperação de terras degradadas e a implementação de medidas para proteger florestas. São apresentadas medidas para a melhoria do manejo de pastos e para o desenvolvimento de uma cadeia de valor da pecuária reestruturada e alinhada com políticas nacionais sobre mudanças climáticas e redução de desmatamento. (Amazônia Org)

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