terça-feira, 17 de novembro de 2009

Brasil adota discurso de líder na luta por meio ambiente em Copenhague

O governo brasileiro entrou no front da batalha pelo clima. Diplomaticamente. Tão logo anunciou segunda-feira que o país vai manter a meta voluntária de reduzir a emissão de CO2 em até 38,9%, até 2020, o ministro Carlos Minc, do Meio Ambiente, telefonou para a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, que está em Copenhague, na Dinamarca. Trataram da estratégia para fazer o Brasil liderar os países na grita por um acordo mundial pelo clima, a fim de pressionar Estados Unidos e China a reverem suas posições de se isentarem do acordo.

Segundo Minc, o plano, já aprovado pelo presidente Lula, é trabalhar em duas frentes. Primeiro, “uma mobilização de opinião popular, principalmente nos Estados Unidos”, conta o ministro, e no mundo todo, envolvendo ONGs e ambientalistas. Organizações já confirmaram ao JB que o movimento começou.

– Já começou uma reação rápida, contudente – avalia Minc. – Temos que criar um constrangimento. Vamos fazer uma cobrança. China e EUA são dois países. O mundo tem 200!

A outra estratégia é no campo diplomático, e já conta com a assistência do Itamaraty. Minc e Dilma aumentaram segunda-feira os contatos com presidentes e representantes dos países da União Europeia e dos outros continentes. A ideia é elaborar uma grande força-tarefa liderada pelo Brasil a partir do dia 7 de dezembro, na Conferência de Copenhague. Dessa união, pode sair um documento assinado por todos.

– A Dilma concordou com essa ideia, ela já começou a fazer os contatos lá (em Copenhague) – diz Minc ao JB. – Até lá, deve sair, sim, um manifesto muito forte.

Cartão de visita

O ministro Carlos Minc já faz contato com México, África do Sul e Indonésia. A partir de terça-feira, vai procurar a Noruega – parceira do fundo da Amazônia – Suécia e Holanda.

Tanto Dilma, na Europa, quanto Minc, no Brasil, usam o mesmo cartão de visitas. Falam em nome do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva. E ambos têm o aval do chefe. Lula não só concordou com o plano traçado segunda-feira, diz Minc, como vai levar essa bandeira sem medo a Copenhague para pressionar EUA e China.

Segundo Minc, o Brasil deve aproveitar o ótimo momento que o país vive, e a grande popularidade do presidente Lula pelo mundo, para fazer dele um líder também nessa questão do meio ambiente. O ministro acredita que a palavra de Lula, em Copenhague, pode ter efeito junto a outros países para a carta final desse esperado manifesto.

Batalha

– É uma insensatez planetária – critica Minc, sobre a posição dos dois maiores poluidores do planeta de não ratificarem um acordo na Conferência de Copenhague. – Não pode haver o abraço dos poluidores que condene o planeta a virar um deserto.

O ministro acredita que a mobilização popular – via internet, TV, manifesto de ONGs – a priori pode fazer os Estados Unidos, especialmente, sentarem à mesa na Dinamarca para debater o assunto. E usa o Prêmio Nobel para citar o presidente americano.

– Depois que o Barack Obama ganhou o Nobel, ele surge como esperança e isso se apaga, de repente? – ironiza.

Com a recente revelação de que o país teve o menor desmatamento em 21 anos, o tema tornou-se tão importante para o governo que a reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social segunda-feira, em Brasília, foi toda pautada para o assunto. Ao sair do encontro, antes de traçar a estratégia com Dilma e o presidente Lula, o ministro Minc já se mostrava irritado com a posição de EUA e China.

– Foi uma ducha de água quente, que aumentou mais ainda a já elevada temperatura do planeta. Vamos forçar até o último minuto, até com base no avanço que a gente fez de proposta, com a redução dos desmatamentos na Amazônia. (Jornal do Brasil)

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