quarta-feira, 31 de março de 2010

Projeto Biomas estudará uso da terra e conservação

Iniciativa será feita pela Embrapa com verba da confederação de agricultura; meta é pesquisar cada região

A iniciativa da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e da Confederação Nacional da Agricultura (CNA) de fazer o Projeto Biomas foi bem recebida por ambientalistas e cientistas. O projeto desenvolverá pesquisas científicas durante nove anos nos seis biomas brasileiros para encontrar as formas mais corretas de uso do solo e das águas por parte do setor produtivo.

"Eu louvo a iniciativa da CNA de procurar a Embrapa para a parceria. Mostra que a CNA, que sempre tem interesse em prejudicar o Código Florestal, está mudando e evoluindo. E a Embrapa é uma das empresas mais sérias do País e do mundo", disse o ministro Carlos Minc, que deixa hoje a pasta do Meio Ambiente.

O Projeto Biomas busca resolver o impasse entre o setor produtivo e os ambientalistas quanto ao uso correto da terra, tratando o tema de modo científico e acabando de vez com a guerra ideológica que o envolve. Com o projeto, serão estudadas as melhores formas de preservar as florestas e a vegetação nativa da Amazônia, Caatinga, Cerrado, Mata Atlântica, Pampas e Pantanal, os seis biomas.

"Entendo que a parceria com a Embrapa pode ser benéfica", disse André Lima, um dos maiores especialistas no bioma Amazônia, coordenador de Políticas Públicas do Instituto de Pesquisas da Amazônia (Ipam). Mas ele tem dúvidas quanto à forma de desenvolvimento do projeto. "A crítica que levanto é pelo fato de esse projeto não ser público, mas ser bancado pela CNA, que a todo instante tenta mudar o Código Florestal e outras leis."

Para a senadora Kátia Abreu (DEM-TO), que também é presidente da CNA, o trabalho científico do Projeto Biomas vai acabar com o debate ideológico que tomou conta da questão ambiental. "Nem o ruralista nem o ambientalista vão ganhar. Quem vai ganhar é o Brasil", disse ela.

Recursos. A Embrapa receberá inicialmente da CNA R$ 20 milhões para tocar o Projeto Biomas. O dinheiro será usado para pesquisas de campo e procura de áreas onde serão instalados os centros de estudos ? cada bioma deverá ter pelo menos 5 mil hectares de áreas para os trabalhos científicos.

O trabalho inicial começará pelos biomas Cerrado e Mato Atlântica, porque são os mais utilizados pelo agronegócio. Em abril, os dois cientistas que comandam os estudos ? João Bosco Vasconcellos Gomes e Gustavo Ribas Curcio, da Embrapa Florestas, do Paraná ? vão fazer a primeira reunião com futuros parceiros no trabalho de pesquisas. "O projeto é o mais importante já feito no Brasil", enfatizou Vasconcellos Gomes.(O Estado de São Paulo)

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