terça-feira, 23 de março de 2010

Custo de transmissão de Belo Monte será 60% menor que no rio Madeira

O secretário-executivo do Ministério de Minas e Energia, Márcio Zimmermann, disse ontem que ocusto de transmissão da usina hidrelétrica de Belo Monte será cerca de60% menor do que o das usinas do rio Madeira. Mesmo assim, o valor deR$ 14 por MWh embutido na tarifa está sendo considerado alto pelosempreendedores, já que representa 17% da tarifa-teto do leilão. Não émuito diferente do leilão de Santo Antônio, por exemplo, em que o custode transmissão, apesar de maior, respondia por 20% do preço-teto estabelecido para aquele leilão. O custo, no leilão de Jirau, chegou a28%.

"As condições colocadas até agora apertaram muito as taxas de retorno doinvestimento", diz uma fonte ligada a um dos consórcios que pretendemdisputar a licitação. "O projeto não está inviável, mas o desafio égrande e estamos estudando algumas propostas para apresentar aogoverno." Uma das ideias é pedir incentivos fiscais, por exemplo.

Aexpectativa era que o custo de transmissão de Belo Monte não ultrapassasse R$ 10 por MWh. Nas usinas do Madeira, o custo maior, emtorno de R$ 25, se justificava em função da construção dos linhões quevão ligar as usinas na rede básica desde a cidade de Porto Velho, em Rondônia, à Araraquara, no Estado de São Paulo. São cerca de 2.40 0quilômetros de linhas e vão requerer mais de R$ 500 milhões eminvestimentos. Já em Belo Monte, o único custo, segundo o próprios e cretário-executivo do Ministério, será o de ligar a usina à rede pelalinha de transmissão Tucuruí-Manaus, em construção, e portanto, essaligação será muito mais curta.

Osgastos para construir novas linhas de transmissão e subestações estãoassociados às tarifas de energia porque as empresas geradoras sãoresponsáveis por pagar metade dos investimentos feitos para transportara energia que vão gerar. A outra metade é paga pelos consumidores e écalculada na tarifa de energia que é reajustada a cada ano.

Nopreço final do leilão das usinas do Madeira a tarifa de transmissão representou 31% do preço proposto pelos vencedores da licitação dausina de Santo Antônio, que foi de R$ 78. Em Jirau, representou 36% dosR$ 71,40 do lance vencedor. O problema é que cada R$ 1 a mais pago detransmissão reflete diretamente na receita das empresas, e por isso essa era uma definição importante em torno da tarifa de Belo Monte.

Osinvestidores ainda preferem não falar oficialmente sobre as condições do leilão. Entre outras razões, faltam as definições em torno dofinanciamento do BNDES e também da participação da Eletrobrás.O ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, disse ontem que as quatroprincipais subsidiárias da estatal vão participar do leilão, marcadopara o dia 20 de abril. O ministro espera que apenas dois consórciosdisputem o leilão e cada um deles teria duas empresas do sistema Eletrobrás como sócia.

Aindanão estão definidas, porém, quais as parcerias que serão formadas entreas controladas da Eletrobrás que entrarão nos consórcios formados por Odebrecht e Camargo Corrêa de um lado, e Andrade Gutierrez, Neoenergia, Vale e Votorantim do outro. E os consórcios ainda têm dúvidas em função da situação da Eletronorte, que fez todos os estudos de Belo Monte e, a depender de qual consórcio integre, pode ficar de fora do empreendimento.

"Acreditoque ficaremos nos dois consórcios" , disse Lobão, que participou dolançamento da nova marca da Eletrobrás e confirmou que a entrada dassubsidiárias da estatal antes do leilão foi uma demanda das própriasempresas privadas interessadas em participar da disputa.

"Sehouver outro consórcio (a Eletrobrás) pode entrar com outras empresas,já que o dinheiro é dela", acrescentou o ministro, lembrando que aestatal tem outras controladas além de Furnas, Chesf, Eletrosul eEletronorte. O presidente da Eletrobrás, José Antônio Muniz Lopes,disse que a estatal participará com uma fatia entre 40% e 49% nassociedades que participarem do leilão de Belo Monte. (Valor Econômico)

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