terça-feira, 23 de março de 2010

Para Diap, PMDB e PT farão as maiores bancadas no Senado

O Senado em 2011 poderá ganhar uma conformação mais parecida com aCâmara, com o PMDB e o PT fazendo as maiores bancadas, seguidos porPSDB e DEM. Atualmente, os tucanos e os integrantes do DEM possuem respectivamente as segunda e terceira maiores bancadas da Casa. Ogoverno do presidente Luiz Inácio Lula da Silva teve no Senado as suasmaiores derrotas políticas, como o fim da cobrança da CPMF, em 2007 e ofuncionamento de até três CPIs simultaneamente.

Segundo levantamento do diretor do Departamento Intersindical de AssessoriaParlamentar (Diap), Antonio Augusto de Queiroz, das 54 vagas do Senadoem jogo este ano, 14 ou 15 serão de senadores que conseguirão areeleição, patamar idêntico ao registrado em 2002. Nas demais cadeiras,a vantagem é dos atuais governistas. "A oposição é naturalmenteprejudicada em uma disputa como essa, pela perda de interlocução queteve com o poder central há oito anos e que só será sentida agora",comentou Queiroz.

Entre os partidos situacionistas, o PMDB não tende a ter um crescimento expressivo, já que renova 14 de suas atuais 17 cadeiras e tem boa partede sua bancada formada por suplentes. Abrindo mão da disputa pordiversos governos estaduais, por orientação do próprio presidente, o PTcriou espaços para avançar no Senado.

É precisamente o que ocorre em Estados do Nordeste, como Pernambuco eCeará, ou do Paraná, Rio de Janeiro e Espírito Santo. Nos Estados nordestinos, caso PT e PSB se coliguem na eleição presidencial, ospetistas não devem apresentar candidato próprio ao governo estadual.Cria-se a possibilidade de eleição respectivamente do ex-prefeito doRecife João Paulo Lima e Silva, e do atual ministro da PrevidênciaSocial, José Pimentel. O primeiro ainda disputa a vaga com oex-ministro da Saúde Humberto Costa.

No Paraná, a aliança com o atual senador Osmar Dias (PDT) abre espaço paraGleisi Hoffmann, mulher do ministro do Planejamento, Paulo Bernardo,tentar o Senado. No Rio de Janeiro, o prefeito de Nova Iguaçu, LindbergFarias, e a ex-governadora Benedita da Silva, disputam com chances umacadeira na chapa que apoiará a reeleição do governador Sérgio Cabral(PMDB). No Espírito Santo, o PT deve apoiar a candidatura dovice-governador Ricardo Ferraço (PMDB) e o prefeito de Vitória, opetista João Coser, é o mais provável candidato a substituir ogovernador Paulo Hartung (PMDB) na disputa por uma cadeira ao Senado.

Pelas contas do Diap, o PT sairia dos seus atuais 11 senadores (dois delessuplentes) para um patamar entre 13 e 15 parlamentares. Já o PMDB,atualmente com 17 integrantes do Senado, não tende a crescer. Olevantamento mostra entre 14 e 16 cadeiras para o partido. Queiroz nãoarrisca prognósticos sobre a segunda vaga ao Senado em diversosEstados, mas a chance do partido reduzir a bancada é mínima. Em pelomenos três Estados sem previsão do levantamento há fortes candidatos pemedebistas: No Mato Grosso do Sul, o deputado federal Waldemir Moka;em Tocantins, o ex-governador Marcelo Miranda e no Sergipe, o deputadofederal Jackson Barreto. Em Goiás, o diretor do Diap acredita na possível candidatura ao Senado do presidente do Banco Central, HenriqueMeirelles. Também é cotada para a vaga, caso Meirelles não entre nadisputa, a deputada federal Íris Araújo (PMDB).

Para Queiroz, os atuais comandantes da bancada pemedebista tendem areeleger-se. Renan Calheiros ampliou suas possibilidades em Alagoas aoconseguir deslocar para a disputa pelo governo estadual o ex-governadorRonaldo Lessa (PDT). Romero Jucá não tem competidores fortes emRoraima. Já Valdir Raupp deverá ser o segundo mais votado em Rondônia.O presidente da Casa, senador José Sarney (AP), conta com mais quatroanos de mandato.

Opanorama é adverso para a oposição. Na avaliação de Queiroz, dosprincipais senadores oposicionistas que buscam um novo mandato, apenastrês - Heráclito Fortes (DEM-PI), Demóstenes Torres (DEM-GO) e TassoJereissati (PSDB-CE) - estão em situação relativamente confortável. JáArthur Virgilio (PSDB-AM), Sergio Guerra (PSDB-PE), José Agripino Maia(DEM-RN) e Marco Maciel (DEM-PE) enfrentam ao mesmo tempo os governosfederal e estadual e contam com adversários fortes.

Pelo levantamento, o PSDB pode cair de 14 senadores para um patamar entre 9e 10 e o DEM, que conta com bancada idêntica à dos tucanos, para algoentre 8 ou 9. O governador de Minas Gerais, Aécio Neves (PSDB), tende atornar-se o parlamentar mais votado no campo oposicionista, seconcretizar a sua candidatura ao Senado. Mas terá que se esforçar paragarantir a maior votação em Minas, caso o vice-presidente José Alencar(PRB) seja candidato.

No levantamento feito por Queiroz, não há apostas sobre a segunda vagana Bahia e no Maranhão. De acordo com o diretor, trata-se de Estadosque reúnem duas características que tornam o quadro obscuro: há apresença de suplentes, ACM Júnior (DEM-BA) e Mauro Fecury (PMDB-MA)que, em tese, teriam dificuldade para renovar o mandato, e não hápolarização na disputa estadual, o que retarda as composições para oSenado. Na Bahia, PMDB e PT tendem a apresentar candidaturas separadas para o governo. No Maranhão, a divisão é entre a governadora RoseanaSarney (PMDB) e o deputado federal Flavio Dino (PCdoB).

Confirmada esta projeção, o atual líder nas pesquisas de intenção devoto para a Presidência, o governador de São Paulo, José Serra (PSDB),iria encontrar-se em situação semelhante à de Lula em 2003, logo depoisde ter sido eleito para o seu primeiro mandato como presidente daRepública: a de ter de lidar com um Senado potencialmente hostil. Emcaso de vitória da virtual candidata petista, a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, a presidente precisaria aplainar as divisões internasdo PMDB e do próprio PT para garantir trânsito na Casa. Os doispartidos protagonizaram a última disputa da Mesa Diretora em 2009. Os desdobramentos da guerra entre José Sarney e o senador Tião Viana (AC) alimentaram uma onda de denúncias que paralisou o Senado. (Valor Econômico)

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