quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Ciro indica que pode concorrer em SP

Deputado diz que 'não titubearia' em atender a pedido do presidente

Exatos vinte e três dias depois de dizer que "o santo Lula está errado" ao querer que ele desista da candidatura ao Palácio do Planalto, o deputado Ciro Gomes (PSB-CE) deu ontem o primeiro sinal de que pode atender ao apelo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e concorrer ao governo de São Paulo.

Em reunião com dirigentes do PT, PSB, PC do B e PDT, Ciro repetiu que sua prioridade é disputar a cadeira de Lula, mas afirmou que "não titubearia" em entrar no páreo paulista se o presidente precisar de um palanque para a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, pré-candidata do PT ao Planalto, no maior colégio eleitoral do País.

"Eu sou candidato a presidente, mas só o tempo dirá se minha decisão vai se materializar", comentou o deputado, que é ex-ministro da Integração.

O vaivém de Ciro deixou os participantes da reunião confusos sobre suas reais intenções. De qualquer forma, apesar de insistir que a possibilidade de ser candidato ao governo paulista era "remota" e "quase impossível", ele abriu uma brecha para a negociação.

"De repente, o projeto nacional que o presidente Lula representa precisará que, mesmo como engrenagem modesta, eu aceite esse desafio. A serviço do Brasil, a serviço dessa fração de São Paulo, eu não titubearia em ir", argumentou.

Lula avalia que a entrada de Ciro na corrida presidencial rouba votos de Dilma e favorece o governador de São Paulo, José Serra (PSDB), provável adversário do PT. O deputado discorda dessa análise: acha que, sem ele na briga, Serra vence no primeiro turno e o projeto nacional de Lula "corre risco".

A portas fechadas, Ciro mostrou pesquisas indicando que o potencial de transferência de votos de Lula não é tão grande como se imagina. Disse, porém, que conversará mais uma vez com o presidente, em março, para só então dar a resposta sobre o seu destino político. Não foi só: avisou que não será "linha auxiliar" do Planalto se mantiver sua intenção de disputar a Presidência. "Sou muito melhor do que qualquer outro candidato", garantiu. "A Dilma é extraordinária, mas não tem a história de 20 eleições que eu tenho."

O presidente do PT paulista, Edinho Silva, cobrou rápida definição do cenário para montar o palanque de Dilma em São Paulo. O PT pressiona o senador Aloizio Mercadante (SP) a ficar de "stand by" para a tarefa de concorrer à sucessão de Serra, caso Ciro não aceite a missão. Mercadante diz que é candidato à reeleição no Senado e já escolheu como suplente o deputado José Eduardo Martins Cardozo (PT-SP), mas pode mudar de ideia. "Vocês precisam botar gelo nas veias", brincou Ciro, pedindo o fim da alta ansiedade. (O Estado de São Paulo)

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