quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

''Países ricos devem pagar pelo esforço de preservação da floresta''

Governador Eduardo Braga, do Amazonas, vai defender a proposta na Conferência do Clima em Copenhague

A Amazônia tem uma conta bilionária a acertar com os países mais industrializados. A fatura será apresentada em Copenhague, durante a Conferência das Nações Unidas (ONU) sobre Mudanças Climáticas, pelo governador do Amazonas, Eduardo Braga.

"Nossa região é uma vítima do aquecimento global, não a vilã", disse ele, durante o fórum sobre a Região Norte promovido pelo Estado, com apoio da Agência Estado e da Rádio Eldorado. O evento foi o primeiro da série Fóruns Estadão Regiões, que abordará todas as regiões brasileiras.

"Os que precisam mitigar emissões têm de nos pagar pelo trabalho de preservação da floresta", afirmou o governador. Braga reivindica para o Amazonas a condição de prestador de serviços ambientais dedicados ao planeta. Ele lembrou que, de acordo com medições internacionais por satélite, 98% da cobertura florestal do Estado permanece intacta.

O governador cita como exemplo a Reserva do Juma, com 400 mil hectares, a 400 quilômetros de Manaus, como exemplo de área em plena condição de comercializar o sequestro de carbono que realiza no dia a dia. "Ali, a mata promove o sequestro de 3 bilhões de toneladas de carbono, segundo entidades certificados pela ONU, e sua preservação já pode ser monetizada", salienta. "Hoje, a compensação de uma tonelada de carbono tem o valor estimado pelo mercado em 10 reais, o que nos dá uma conta de R$ 30 bilhões para cobrar dos ricos em Copenhague".

O governador será protagonista de três eventos na Conferência do Clima, nos dias 13 e 14 de dezembro, um deles montado exclusivamente para a apresentação do projeto de preservação da reserva do Juma.

Acompanhado diretamente por uma plateia de cem pessoas e transmitido ao vivo pela TV Estadão, na internet, o Fórum Estadão Regiões/Norte foi aberto com uma palestra do secretário de Políticas Regionais do Ministério da Integração Regional, Henrique Villas da Costa Ferreira. Ele sustentou que o atual modelo de integração regional do governo federal tem como referência o trabalho realizado pela União Europeia com seus integrantes economicamente menos desenvolvidos.

"Nossa intenção é alargar as fronteiras do Estado para criar as condições de combate à desigualdade", afirmou. O secretário lembrou que este ano o Fundo Constitucional do Norte, gerenciado pelo governo federal, repassou mais de R$ 2 bilhões para obras e ativação de programas sociais nos sete Estados da região.

O diretor do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), Adalberto Luis Val, chama a atenção para as dimensões da Região Norte. "Precisamos ter a noção, muitas vezes difusa, de que a Amazônia representa nada menos que 60% do território brasileiro", frisou. "Só por isso ela já ocupa um papel central no desenvolvimento do Brasil e de toda a América Latina, cujos países ao norte também têm parte na região."

Luis Val defendeu o sistema de parcerias entre governos e empresas privadas para dinamizar organismos como o Fundo de Amparo à Pesquisa e o Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia. "A Amazônia contribui com cerca de 10% do PIB nacional, mas, do que é investido pelo governo federal em ciência e tecnologia, apenas 3% são destinados à região. Trata-se de um desequilíbrio extremamente significativo e prejudicial", afirma o pesquisador.

O diretor de Desenvolvimento de Projetos de Capital, Sustentabilidade e Relações Institucionais da Vale, Luís Cláudio Ferreira Castro, admite que a mineradora é frequentemente associada, de maneira negativa, aos problema ambientais na região. "Somos chamados de cavadores de buracos", afirmou. Ele destaca, no entanto, os esforços da mineradora em fazer o que classifica de mineração sustentável.

"Em Carajás, a maior jazida mineral do planeta, procuramos reinventar a mineração por meio de redução no consumo de energia e práticas mais adequadas de atenção ao meio ambiente. (O Estado de São Paulo)

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